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EM QUEM VOCÊ TEM CONFIADO MAIS?
Alguns anos atrás, através dos jornais, li sobre a história de uma pessoa que tendo a sua mão decepada, sofreu um transplante. Naquela ocasião, um médico cientista conseguiu transplantar a mão de um falecido para aquela pessoa em questão.
Entretanto, passado algum tempo, a pessoa transplantada não suportava mais olhar aquela mão, pois não a sentia como sua, visto não conseguir atribuir a ela, “em sua representação psíquica, o significado de uma mão, mas, sim, de algo estranho ao seu corpo e à sua identidade pessoal”(1). Assim, tornando-se insustentável aquela situação, a pessoa solicitou ao médico que a mão transplantada fosse amputada.
Tal qual o desenvolvimento científico, aquela cirurgia foi um sucesso do ponto de vista da informação, mas um fracasso do ponto de vista do conhecimento humano. E isto porque o saber científico detém muita informação, mas muito pouco conhecimento, entendendo o conhecimento como a informação que é processada pelos sentimentos. Esta condição tem levado a humanidade ao retrocesso e a situações bizarras como a da pessoa que teve sua mão decepada, transplantada e, depois, a seu pedido, amputada.
A parábola “Medidas para Sapatos” de Hanfeitse, um antigo filósofo Chinês, expressa, com sabedoria, o que vem predominando na atual concepção de ciência.
“Certo homem de Cheng ia comprar um novo par de sapatos. Primeiro tomou as medidas dos pés, e deixou-as na cadeira. Quando foi para a rua, esqueceu-se de levá-las, e depois de entrar
numa sapataria, disse consigo mesmo: “Oh, esqueci-me de trazer as medidas e tenho de voltar para buscá-las”. E assim fez ele. Mas, ao regressar, a loja já estava fechada e ele deixou de comprar os
sapatos. Disse-lhe alguém: – Por que não fizeste provar os sapatos mesmo nos pés? E o homem respondeu: – Eu confiava mais nas medidas que em mim mesmo”.(2)
E você, em quem tem confiado mais: nas medidas ou em você mesmo?
Referências Bibliográficas:
(1) Breves, Beatriz. O Homem Além do Homem. p. 79. RJ:Mauad X. 2001
(2) HANFEITSE, in: Lin Yutang. A Sabedoria da China e da India, p.992. RJ: Irmãos Pongetti Editores. 1945.