FALANDO DE SENTIMENTOS – REJEIÇÃO E FILIAÇÃO

REJEIÇÃO E FILIAÇÃO

Por Beatriz Breves

Sofrendo a dúvida de ser filho adotivo, um leitor pede que eu escreva sobre o sentimento de rejeição que, segundo a sua visão, todo filho adotivo sente em relação a mãe biológica.

O sentimento de rejeição dói porque impossibilita a troca amorosa entre uma pessoa que ama e outra que despreza. No entanto, na relação mãe e filho(a) o que vibra mais forte é o sentimento de filiação. Assim, se a criança se sente filiada, independentemente de ser ou não adotada, teria todos os ingredientes afetivos para se reconhecer incluída e aceita, portanto, segura; o contrário, se sentiria excluída e rejeitada, portanto, frágil.

Importante compreender que ser mãe e filho(a) é também um sentimento que pode até coincidir na mesma pessoa, mas não necessariamente. Isso é facilmente observado entre os que se nomeiam mãe e filho(a) de coração.

Então, a compreensão do porquê um(a) filho(a) conceder tanta autoridade a mãe biológica nunca vista, em detrimento da mãe afetiva, aquela que se sente mãe e que esteve durante toda a vida ao seu lado, poderia ser entendida pela incapacidade de reconhece-la como estando constituída em uma mulher diferente da mãe biológica. A certeza de um sentimento de rejeição de alguém que nunca se conheceu gera fortes indícios para esta possibilidade.

Até porque seriam tantas as razões que levariam uma mulher a oferecer um(a) filho(a) para adoção. Mesmo o sentimento de um amor verdadeiro e desprendido poderia nortear tal ação. Sem falar de desespero, impotência e tantos outros. De fato, o sentimento de rejeição talvez represente uma parcela ínfima dos casos.

De todo modo essas são questões de cunho exclusivamente pessoal e subjetivo, pois diz respeito a própria existência, ao sentimento de “Eu”, as tramas e as entranhas afetivas de cada um.

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